segunda-feira, 11 de abril de 2016

A neutralidade da mídia e televisão


Estamos constantemente sendo bombardeados por informações, comunicados e notícias da mídia, da televisão e agora na internet. As grandes mídias passaram a também utilizar a internet como meio de propagação de seu material. O que vem a seguir é algo muito pertinente sobre o assunto que estamos vivenciando.


“Não temo parecer ingênuo ao insistir que não ser possível pensar sequer em televisão sem ter em mente a questão da consciência crítica. É pensar em televisão ou na mídia em geral nos põe o problema da comunicação, processo impossível de ser neutro. Na verdade, toda a comunicação de algo, feita de certa maneira em favor ou na defesa, sutil ou explícita, de algum ideal contra algo e contra alguém, nem sempre claramente referido. Daí também o papel apurado que joga a ideologia na comunicação, no processo comunicativo. Seria uma santa ingenuidade esperar de uma emissora de televisão do grupo do poder dominante que, noticiando uma greve de metalúrgicos, dissesse que seu comentário se funda nos interesses patronais. Pelo contrário, seu discurso se esforçaria para convencer que sua análise da greve leva em consideração os interesses da nação.

Não podemos nos pôr diante de um aparelho de televisão “entregues” ou “disponíveis” ao que vier. Quanto mais nos sentamos diante da televisão — há situações de exceção, como quem, em férias, se abre ao puro repouso e entretenimento — tanto mais risco corremos de tropeçar na compreensão de fatos e de acontecimentos. A postura crítica e desperta nos momentos necessários não pode faltar.

O poder dominante, entre muitas, leva mais uma vantagem sobre nós. É que, para enfrentar o ardil ideológico de que se acha envolvida a sua mensagem na mídia, seja nos noticiários, nos comentários aos acontecimentos ou na linha de certos programas, para não falar na propaganda comercial, nossa mente ou nossa curiosidade teria de funcionar epistemologicamente todo o tempo. E isso não é fácil.

Mas, se não é fácil estar permanentemente em estado de alerta, é possível saber que, não sendo um demônio que nos espreita para nos esmagar, o televisor diante do qual nos achamos não é tampouco um instrumento que nos salva. Talvez seja melhor contar de um a dez antes de fazer a afirmação categórica que Wright Mills¹ se refere: “É verdade. Eu ouvi no noticiário das vinte horas”.

¹Wright Mills, La elite del poder. México: Fondo de Cultura Económica, 1945.

Extraído na Íntegra de:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 51ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

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