Estamos
constantemente sendo bombardeados por informações, comunicados e notícias da
mídia, da televisão e agora na internet. As grandes mídias passaram a também
utilizar a internet como meio de propagação de seu material. O que vem a seguir
é algo muito pertinente sobre o assunto que estamos vivenciando.
“Não
temo parecer ingênuo ao insistir que não ser possível pensar sequer em
televisão sem ter em mente a questão da consciência crítica. É pensar em
televisão ou na mídia em geral nos põe o problema da comunicação, processo
impossível de ser neutro. Na verdade, toda a comunicação de algo, feita de
certa maneira em favor ou na defesa, sutil ou explícita, de algum ideal contra
algo e contra alguém, nem sempre claramente referido. Daí também o papel
apurado que joga a ideologia na comunicação, no processo comunicativo. Seria
uma santa ingenuidade esperar de uma emissora de televisão do grupo do poder
dominante que, noticiando uma greve de metalúrgicos, dissesse que seu
comentário se funda nos interesses patronais.
Pelo contrário, seu discurso se esforçaria para convencer que sua análise
da greve leva em consideração os interesses
da nação.
Não
podemos nos pôr diante de um aparelho de televisão “entregues” ou “disponíveis”
ao que vier. Quanto mais nos sentamos diante da televisão — há situações de
exceção, como quem, em férias, se abre ao puro repouso e entretenimento — tanto
mais risco corremos de tropeçar na compreensão de fatos e de acontecimentos. A
postura crítica e desperta nos momentos necessários não pode faltar.
O
poder dominante, entre muitas, leva mais uma vantagem sobre nós. É que, para
enfrentar o ardil ideológico de que se acha envolvida a sua mensagem na mídia,
seja nos noticiários, nos comentários aos acontecimentos ou na linha de certos
programas, para não falar na propaganda comercial, nossa mente ou nossa
curiosidade teria de funcionar epistemologicamente
todo o tempo. E isso não é fácil.
Mas, se não é fácil estar permanentemente
em estado de alerta, é possível saber que, não sendo um demônio que nos
espreita para nos esmagar, o televisor diante do qual nos achamos não é
tampouco um instrumento que nos salva. Talvez seja melhor contar de um a dez
antes de fazer a afirmação categórica que Wright Mills¹ se refere: “É verdade.
Eu ouvi no noticiário das vinte horas”.
¹Wright
Mills, La elite del poder. México:
Fondo de Cultura Económica, 1945.
Extraído
na Íntegra de:
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia.
Saberes necessários à prática educativa. 51ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2015.
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