segunda-feira, 30 de março de 2020

Sobre a pandemia de Covid-19

SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19
Primeiramente é necessário esclarecer que jamais imaginava, factualmente em minha existência, viver uma pandemia global de grandes proporções. Era notório que estávamos vivenciando um momento em que a estrutura do sistema econômico estava em crise, e uma pandemia apenas veio para intensificar isso e nos mostrar os paradigmas, além de nos forçar a pensarmos em outra forma de conceber a sociabilidade humana.
Observei muitos neste momento de quarentena falando que a pandemia não vê classe social, de fato, biologicamente falando o vírus não escolhe classe para infectar. Entretanto, é necessário percebermos que a classe trabalhadora e os pobres são os que estão muito mais vulneráveis, devido ao seu acesso às condições materiais de sobrevivência, saúde, segurança financeira, etc.
Alguns defendendo o discurso ideológico de voltarmos à normalidade para salvaguardar a economia, momento em que me questiono: que economia? Há três anos o PIB está em 1%, 11 milhões de desempregados, isso soa como uma piada de mal gosto. Sinto tristeza em perceber que a lógica mercantil, como sempre, põe o capital num pedestal dourado em detrimento à vida. O que é mais importante? o lucro de poucos a curto prazo? ou a vida humana? Uma situação de pandemia nos obriga a fazer esta escolha.
Há uns anos havia escrito uma reflexão sobre a possibilidade de manter um pensamento capitalista e humanista simultâneamente, por definição. Parece que a pandemia de coronavírus reforçou a incompatibilidade entre esses dois posicionamentos. Enquanto os humanistas querem salvar às pessoas, os capitalistas querem salvar o capital.
Não devemos permitir que os discursos obscurantistas e o negacionismo da ciência deixem ações serem realizadas a contribuir para milhares, ou no pior dos cenários, milhões de mortes. Devemos ter a sobreidade de defendermos a ciência em tempos de crise, quem ignorou a ciência, em primeiro momento, está padecendo, observemos a Itália, por exemplo.
A quarentena e o isolamento social, neste momento, não deve ser encarada como um privilégio, mas como um direito social, um direito de resguardar a saúde e a vida. É muito mais fácil recuperar a economia falida do que pessoas mortas.
O Estado não pode se omitir diante da crise em que vivemos, ações deveriam ser tomadas para salvaguardar o acesso à saúde, alimentação, segurança e necessidades básicas à população em tempos de crise, não o inverso, na desculpa de salvar um sistema que está em crise há alguns anos.
Após a pandemia, quando passarmos por ela, devemos repensar a forma de sociabilidade. O egoísmo, a ganância, o individualismo não se sustentam mais. O coronavírus nos mostrou o quão interdependentes somos uns dos outros.
A todos, fiquem em suas casas, evitem o contato social, até passarmos esta crise. E que, após a passagem da mesma, posssamos pensar em uma nova forma de conceber a sociedade.

Opinioes & Opiniões 3

Após alguns anos, retorno para redigir um terceiro texto sobre Opiniões. O que me motivou foi uma série de interações que tive na internet, ...