Em meio a polêmica do "Escola sem Partido" parece ser de extrema importância para que as pessoas de modo geral tenham acesso de como se dá o processo de ensino-aprendizagem, conhecer as
formas de perceber a educação e atuação no ensino. Essas formas se dão através de tendências
pedagógicas.
O termo pedagogia de acordo
com o dicionário Michaelis pode ser entendida como o estudo teórico ou prático
das questões da educação, bem como o conjunto das ideias de um educador prático
ou teorista em educação.
É neste contexto que este texto irá abordar de maneira breve e diferenciar
as tendências pedagógicas na prática e na teoria da educação. Tendências que
serão diferenciadas entre Liberais: tradicional,
renovada progressivista, renovada não-diretiva, e tecnicista. Progressistas: libertadora, libertária,
e crítico social dos conteúdos.
Parece ser consenso entre os pesquisadores/educadores das
ciências relacionadas a educação a respeito da diversidade de posturas na qual
professores utilizam para o ensino, bem como linhas de posicionamentos
pedagógicos, nos parágrafos a seguir, será apresentado as tendências
pedagógicas bem como suas características, de acordo com a visão do Doutor em
Educação José Carlos Libâneo.
Para Libâneo (1990) existem as abordagens liberais e progressistas. A pedagogia liberal — de acordo com o autor —
sinaliza a finalidade da escola como formadora de alunos aptos a exercerem seu
papel social, enfatizando um ensino não crítico. Mesmo que a escola difunda a
ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta e desigualdade de
condições. Nesta pedagogia, o aluno era incentivado por meio de castigos, de
prêmios, além da denúncia.
Para Saviani (2010) à educação cumpre moldar a existência
particular e real de cada educando à essência universal e ideal que o define
enquanto ser humano. A tendência liberal atribui à escola a função de
transmitir os saberes que a sociedade considera importantes para a manutenção
da ordem e do progresso, atribuindo a educação, o papel de ajustamento social.
Dentro da pedagogia liberal encontramos a tendência Tradicional que afirma a preparação dos
alunos para exercerem seus papéis na sociedade, conteúdos são abordados para
formar moral e intelectualmente o aluno, de forma desvinculada da realidade, pois
problemas sociais não devem penetrar na escola. A aprendizagem se dá através da
transmissão de conteúdo e
conhecimento historicamente acumulado pela humanidade, onde os mesmos são memorizados. A avaliação é
individualizada, todos os alunos devem seguir o ritmo do professor.
Seguindo a abordagem liberal encontramos a tendência Liberal Renovada Progressivista, ou Escola Nova, que dá ênfase no ensino no
“ensinar bem”, mesmo que seja a uma minoria. Também segue a ideia que a escola
deve ser um parâmetro para desenvolvimento de aptidões individuais. Uma
característica marcante é a valorização da criança, vista como um ser dotado de
poderes individuais, cuja a liberdade, iniciativa, autonomia e interesses devem
ser respeitados. Nessa visão o professor conduz o aluno a um trabalho
independente.
A tendência Liberal
Renovada não Diretiva fundamentada
por Carl Rogers, propõe um ensino com base na autonomia do aluno em aprender,
onde o papel do professor é ser um facilitador
para a chegada do aluno ao saber. O ensino deve focar-se na relação às
experiências do aluno, onde as técnicas audiovisuais, didáticas, recursos, meio
e mídia... não tem importância. Cabe ao professor criar situações-problema para
despertar o interesse do aluno, valorizando-se a auto-avaliação, autodescoberta
e autodeterminação, onde o professor deve ser um especialista em relações
humanas. Colocando assim o aluno no centro do ensino e aprendizagem.
Na abordagem Liberal
Tecnicista, baseada na neutralidade científica, o trabalho pedagógico deve
ser parcelado com a especialização das funções, propiciando a introdução no
sistema de ensino técnico. A sua meta consiste em formar alunos competentes
para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente informações precisas,
objetivas e rápidas. Ocorre a ênfase na individualização do ensino, através de
técnicas específicas, como a instrução programada.
Já visto um resumo das
abordagens liberais, veremos agora a abordagem Progressita. As tendências progressistas partem de uma análise
crítica da realidade e tem como o eixo central o contexto
sócio-político-econômico-cultural da sociedade.
A tendência Progressista Libertária afirma a escola
como algo que exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido
libertário e auto gestionário. Neste contexto, as matérias são disponibilizadas
aos alunos, mas não exigidas. Cabendo o aluno a decidir sua participação na
aula ou não. O professor faz sua interação com o grupo, participando das
discussões, é considerado superior ao aluno, em termos de conhecimento. Mas, a
relação não é vertical.
A tendência Progressista
Libertadora inicia-se na década de 1960, através dos movimentos da educação
popular, sendo intensificada em 1980. Visão que possibilita ao aluno uma
leitura mais crítica e transformadora. A relação professor e aluno não é
imposta, mas horizontal. O professor, segundo Mizukami (2002, p. 99) “o
professor procurará criar condições para que, juntamente com os alunos a
consciência ingênua seja superada e que estes possam perceber as contradições
da sociedade e grupos em que vivem”. É enfatizado o diálogo no ensino.
A tendência Progressista Histórico-Crítica visa a conscientização da determinação exercida pela sociedade sobre a educação, demonstrando assim seu caráter crítico, afirma que a educação interfere sobre a sociedade, podendo contribuir para sua própria transformação. É de responsabilidade da escola a difusão do conhecimento histórico e socialmente produzido, contribuindo para a transformação social. Esta visão direciona o processo de ensino para as finalidades pedagógicas, políticas e sociais. A aprendizagem deve partir do que o aluno já sabe e proporcionar o caminho para a síntese.
Parece plausível afirmar que cada indivíduo se sentirá mais
familiarizado com uma ou outra abordagem pedagógica. O filósofo Paulo Freire
afirma que toda a educação atende a interesses políticos, sendo assim, o ato de optar por uma
tendência pedagógica indica os interesses do professor em sua visão de ensino.
Entretanto, cabe ao professor ter o compromisso ético de manter a escola um
ambiente democrático, onde as ideias possam ser debatidas. Não há problema no
fato do indivíduo optar por uma visão de ensino, desde que o mesmo respeite a
pluralidade. O debate não deve ser impedido e
a apresentação das formas de pensamento de cada tendência. Assim, tendo em
vista a pluralidade de ideias cabe ao professor decidir em qual tendência se
encontra, desde que haja compromisso com a ética.
REFERÊNCIAS
MICHAELIS. Dicionário de
Português online. Disponível em: < http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=pedagogia>
Acesso em: 25 mai. 2016
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola, 1990.
VALUGA, Edilaine. Didática. Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014
SAVIANI, Demerval. História
das ideias pedagógicas no Brasil. 3.ed. Campinas: Autores Associados, 2010.
MISUKAMI, M. G. N. Ensino:
as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 2002.
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