Após alguns anos, retorno para redigir um terceiro texto sobre Opiniões. O que me motivou foi uma série de interações que tive na internet, após retomar a divulgação de pensamentos e de ciência. Neste momento, enquanto escrevo este parágrafo introdutório, releio ambos os textos citados para evitar repetições e criar um cenário para aprofundar o debate.
No primeiro texto, abordei como as pessoas passaram a expor suas opiniões políticas (ou debate-las) sem o mínimo de bom senso e conhecimento. Desde então, muitos eventos marcantes ocorreram no cenário político nacional, como o impeachment da primeira presidente mulher do país, o acirramento do extremismo de ideias, a eleição de um representante da extrema direita em 2018 e a intensificação do ódio e preconceito político. O embate ideológico/político mencionado no primeiro texto intensificou-se.
O trecho "o empecilho disto tudo é quando expressamos opiniões errôneas como se fossem verdades" (FERRARI, 2015a) tornou-se praticamente o paradigma do que se sucederia com as fake news e a desinformação, propagadas por muitos a fim de acirrar os ânimos políticos.
No entanto, parece que esse cenário não mudou muito, especialmente no sentido de a maioria das pessoas basear suas opiniões superficialmente, sobretudo quando afirmam saber aquilo que desconhecem. Constituiu-se uma realidade de ilusão de conhecimento. A terceira parte dessa reflexão surge de uma situação que observo recorrentemente: pessoas apregoando terem conhecimento sobre algo e falando com tamanha "propriedade", quando uma simples pesquisa (criteriosa e cética) seria suficiente para constatar que esses indivíduos "portadores da sabedoria" estão disseminando informações infundadas. Mas o que parece mais importante para muitos é a imagem de serem detentoras do conhecimento, mesmo sem terem lido uma contracapa do livro que criticam.
É possível questionar se a frequência com que se expressa conhecimento não é inversamente proporcional ao conhecimento efetivo. A maioria que a maioria que possui conhecimento elabora, pensa, revisa, antes de sair proclamando ser "possuidor da verdade", enquanto os mais próximos à desinformação saem apressadamente para proclamar aquilo que acham saber.
Minha opinião atualmente não diverge muito do que foi apresentado no segundo texto (2015b), continuo buscando consolidar minhas expressões com o mais alto critério, e ao reler tanto o primeiro quanto o segundo texto, notei erros de português (inclusive neste atual, também pode conter, a autocrítica sempre deve estar ativa). Autocrítica que muitas vezes os "paladinos da verdade" parecem não ter.
O alerta que deve ser recorrente é: devemos constantemente revisar as informações que chegam até nós, nutrindo o hábito da leitura e da investigação cética para não ficarmos a mercê de possíveis charlatões políticos, religiosos, coaches (que estão na moda agora) ou de qualquer outra ordem. Pois, para além de possíveis danos econômicos, podem nos causar danos psicológicos.
Você já pensou sobre suas opiniões e como as construiu? Acha que está apenas reproduzindo algo ideologicamente ou possui bases sólidas? Como tem certeza de que o que pensa é correto? Entre no debate e expresse sua opinião.
REFERÊNCIAS
FERRARI, Douglas. Opiniões & Opiniões. 2015a. Disponível em: <https://debatecontinuado.blogspot.com/2015/12/opinioes-opinioes.html> Acesso em 13 de Fevereiro de 2024.
FERRARI, Douglas. Opiniões & Opiniões 2. 2015b. Disponível em: <https://debatecontinuado.blogspot.com/2015/12/opinioes-opinioes-2.html> Acesso em 13 de Fevereiro de 2024.