Agora que retornamos à calmaria, paramos de discursar, estamos novamente na zona de conforto e a sermos os mesmos individualistas e consumistas que éramos, porém agora com a consciência aliviada após discursar coisas humanistas num breve período de festividades, é hora de repensar o ocorrido. Este texto foi redigido influenciado por algumas conversas com pessoas estimadas no período das festividades de fim de ano de dois mil e quinze.
Evitei compartilhar esta reflexão coincidindo com estas datas justamente para não parecer "aqueles caras chatos que ficam a reclamar em todas as datas comemorativas". Nestas datas é possível observar algumas posturas provindas de pessoas, nas quais elenco estas: pessoas extremamente discursistas (os que apenas falam e nunca praticam), os humanistas de fato (divididos em dois grupos, os que apenas discursaram e os que farão acontecer), os que reclamam dos discursistas (estes fazem apenas "anti-discurso") e aqueles que tentam refletir as posturas acerca destes fenômenos sociais/culturais. Em caso de haver mais nuances e/ou correções acerca deste ponto, sinta-se convidado(a) a comentar e fazer uma crítica à este texto.
É comum nestas datas vermos os discursos já conhecidos histórica e culturalmente: “Vamos lutar no ano seguinte por uma sociedade justa, humana, igualitária; com paz e amor ao próximo, por uma sociedade livre de preconceitos”, em suma, discursos que almejam uma utopia social. Porém, aparentemente, as pessoas (de modo generalizado) não têm, de fato, consciência de quão importante seria se estes pensamentos fossem realizados na práxis (na prática, ação concreta).
Talvez, o que nos impede de iniciar a práxis de fato, deve-se a vivermos numa realidade em que estamos sendo constantemente alienados pelo consumismo e fetichismo da mercadoria e somos induzidos a confundir estes com uma postura humanista, bem como apenas discursos humanistas atrapalhados pelo fetiche da mercadoria, o que é um fruto do consumismo e da super importância que dedicamos aos objetos/mercadorias, ao invés das relações humanas factualmente.
Então, nestas datas é comum ver os discursos humanistas sendo apenas proferidos ao invés de praticados; em essência, a prática que se inicia é na verdade o consumismo maquiado de humanismo. Pior que o anterior são os discursos consumistas que nos são apresentados como sendo "humanistas" (Pseudo-humanismo), Amigo Secreto e Troca de Presentes são um bons exemplos de consumismo disfarçado de humanismo.
Esta reflexão levanta algo que eu preciso comentar às pessoas que têm uma visão reflexiva destas relações, que passam por uma espécie de tortura mental, pois mesmo alertadas pelo ceticismo, visão crítica de mundo, teorias, pensadores e outros mais, às vezes não conseguem se libertarem de ser participantes deste paradigma; e no caso de estarem fazendo parte, é a falta da práxis dos intelectuais, na grande maioria dos casos, que os torna meros discursistas. O grande diferenciador destas relações é a práxis, à qual pouco se observa.
Espero que esta breve reflexão tenha feito você, leitor (a), a repensar suas convicções acerca de seus posicionamentos sobre estas datas festivas. A reflexão é importante, pois assim ampliamos nosso entendimento, ou buscamos pelo entendimento do mundo. Neste caso, me refiro a “mundo” enquanto relações sociais.
Parabéns Douglas. Ótimo texto. Realidade da Humanidade hipócrita.
ResponderExcluirAgradeço seu comentário Rafael.
ExcluirExcelente texto Douglas! Sem dúvidas retrata muito bem a realidade. Não adianta nada falarmos palavras aos ventos de melhoria da sociedade na qual estamos inseridos, se na prática não fazemos nada para melhora-la. Também não adianta em nada a reunião familiar somente em datas festivas, se a mesma não é participativa nas datas anteriores e seguidas às festividades. Certamente também estamos inseridos numa sociedade estritamente consumista, até mesmo nestas datas comemorativas, que aliás, só visam exatamente isso, o puro consumismo. Abraços e siga em frente com o seu belo trabalho.
ResponderExcluirAgradeço pelos comentários Rafael. Lhe agradeço também por ser uma das pessoas influenciadoras para a redação deste. Abraço.
ExcluirMuito bom, Douglas. Parabéns! Você não é um dos "caras chatos que ficam a reclamar em todas as datas comemorativas". Não é chato, não reclama em todas as datas, não reclama por reclamar, mas embasado e com consciência de mudar. Gostei muito desse seu olhar crítico-sociológico para com essas festividades. Nem comentarei muito, porque a situação é a que está posta no texto. Parabéns! Continue com as reflexões, elas ajudam aos outros e a nós mesmos.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário Carlos, é bom receber críticas positivas, nos motiva a continuar escrevendo. Gostaria de aproveitar a oportunidade de agradecer-lo por ser uma das pessoas que influenciou a escrever este texto bem como me auxiliou na revisão ortográfica e de coerência textual. Muito obrigado!
ExcluirUm excelente texto, Douglas. Você abordou algo que todos praticam, mas omitem. Algo que faz parte da triste natureza humana. A hipocrisia.
ResponderExcluirMuito obrigado Caio. Agradeço por ler, comentar e ser uma das pessoas que influenciaram na redação deste. Agradecido Caio.
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